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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

excruciante

 


percorre-me o corpo uma agulha afiada:
excruciante dor que me viaja
do rosto às pernas
do beijo ao soco
dos olhos às costas
da mão

sorte a minha
se me não chegar ao coração

azar intermitente
que me dói mais quando é ardente
-OH*



CH3CH2OH - fórmula química do álcool (etílico)



sábado, 20 de outubro de 2012

Tóxico

O teu perfume já se dissipou,
não ficou,
deu a saudade ao vento
que, em troca,
o levou para longe
dos sítios onde perdeste tempo

(ninguém perde o que nunca teve...)

O teu perfume já desvaneceu,
já se perdeu,
entre o tempo e o espaço
entre nós,
subiu ao alto,
esgotou todas as notas de base

(notas de saída, depressa se esquecem,
e as do coração, nem sempre acontecem)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Cansei de esquecer que sei



Já me esqueci de saber chorar.
Águas salgadas
-dizem-
corrompem os frágeis canais
que levam os estímulos
do coração à memória
-longos dilemas.
E eu venho de longe,
petra e (s)algema,
dos confins duma história
cravejada de sais.
Já me esqueci de saber o caminho.
Rastejo,
rasgada,
em subterrâneos labirintos,
ferindo-me nos cristais
que brilham no escuro,
iludindo-me absintos...

Do esquecer ao lembrar vai um passo
e sei que esquecer que sei
é cansaço.